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De 8 a 12 de Abril 2013   

   Voltámos à escola... Depois de uma semana rica em experiências na quinta, estes primeiros dias na escola foram de calmaria. Contudo, mal chegámos fiquei encarregue de dar as aulas de inglês da turma ultimo ano. A Bárbara está a ajudar uma professora de inglês noutras turmas e, claro, já  teve que mostrar os seus dotes de dança  A juntar a isto, temos de dar aulas de desporto a todas as turmas durante os períodos da tarde. Mas mesmo assim, sentimos que podíamos estar a fazer mais, ou então este sentimento é ainda um pouco da frustração do que sentimos no projeto da quinta. 
 
  Quanto a interacção com os professores da escola, ainda é cedo para falar, mas até agora tem sido positiva. Por estes dias temos tido como nossas "madrinhas" 2 professoras, a quem temos recorrido quando precisamos de alguma coisa. As crianças são tímidas e pouco falam inglês   algumas lá vão soltando umas palavras, perguntando os nossos nomes e de onde somos. Aqui não se diz Portuguese, é Portuguet. Mas uma coisa não falta, são os constantes sorrisos que recebemos por onde quer que passemos. 

 A sexta-feira ficou marcada pela festa de ano novo na escola (sim aqui é ano novo!!!). Nos próximos dias por todo o país se vai comemorar o Ano Novo do Laos. A manhã começou com todo o staff reunido no pátio da escola, sem termos a mínima noção do que se iria passar. Para nossa surpresa as crianças aproximavam-se ordeiramente enquanto colocavam um pouco de água perfumada nas nossas mãos (e dos restantes professores), nós retribuíamos essa mesma água em forma de bênção  desejando bom ano e boa sorte. A partir daí havia alguns jogos preparados mas o jogo foi só um: molhar toda a gente!!! 
   Aqui o ano novo é comemorado desta forma atirando água uns aos outros. Escusado será dizer que fomos um dos alvos principais, mas também retaliámos e divertimos-nos à grande. Se isto foi assim na escola como será nos próximos dias pelas ruas da cidade!!!?
   Esta semana ficou marcada também pela despedida do terceiro elemento, a Inês, que na quarta foi para a Tailândia fazer o seu curso de massagem. Aqui vai uma beijoca grande para ela e obrigada pela companhia neste inicio de aventura.

 
Em resposta a vários pedidos aqui vai a explicação do que é uma Didi.

Acaryas

Acaryas ou Táttvikas são pessoas qualificadas a ensinar um processo individual e pessoal de meditação, especialmente adequado a quem o recebe. Acarya é um termo em sânscrito que significa literalmente “aquele que ensina através do exemplo”. Em sânscrito a letra C pronuncia-se como CH, sendo esta palavra pronunciada como “achária”.

Há Acaryas que optam por uma vida familiar e social normal (Grhii Acaryas em sânscrito) e outros que optam por um estilo de vida missionário (Sanniásii Acaryas em sânscrito). É comum os Acaryas serem chamados de “Dada” (no caso de homens) ou “Didi” (no caso de mulheres) sânscrito para, respectivamente, irmão e irmã. Por regra, os Grhii Acaryas ensinam tanto a homens como mulheres e, no caso dos Sanniásii Acaryas, os monges ensinam apenas a homens e as monjas a mulheres. O ensinamento é recebido pela primeira vez no chamado “processo de iniciação” e, de acordo com a aplicação e disciplina do praticante, sucessivas técnicas mais avançadas poderão ser aprendidas em futuros contactos com Acaryas. Antes de uma pessoa se tornar Grhii Acarya tem de receber o treino de Táttvika que a capacita a realizar o processo de iniciação (tanto a homens como mulheres).

Para quem quiser saber mais visitem o Centro PRAMA em Lisboa.
Link - www.prama.pt/
 
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6 e 7 de Abril 2013 

As didis retornam a Veuntan…

 Nessa noite, a convite da Didi Gaori, vamos dormir à ilha, para a sua casa, onde mais tarde pretende disfrutar da sua “reforma”.

  Para minha surpresa, depois de chegarmos e de estar à conversa no terraço, numa noite estrelada, a didi convida-me para ser iniciada na meditação – o meu primeiro passo, de 6 passos, no caminho para ser uma margi (iniciada em meditação).

  A conversa é doce e carregada de significado. 3 Coisas que não devo esquecer e mantê-las presentes… 

   Don’t harm others consciously; Treat others well according with our abilities; protect the secret learned in today’s lesson (= mantra pessoal e intransmissível).

   Senti a didi como uma pessoa muito especial. Alguém que fico contente de ter conhecido, e que surge no nosso caminho com um cariz protetor e de guia. Nessa noite sonhei exatamente com isso, surgindo a imagem da didi em que eu e o Henrique a seguíamos, e junto a ela seguiam também outras pessoas. A sensação geral é boa.

   Não, não estamos metidos em nenhuma seita!

  O sono é agradavelmente pesado e o despertar suave, perante tal terraço com vista para o rio, onde meditámos e praticamos alguns asanas de yoga.

  Às 7h30 seguimos com o Tong para a outra margem do rio, para a quinta. Depois do pequeno-almoço, metemo-nos no jipe a caminho de um templo a 20 min dali.

   Ao final da tarde voltámos para a cidade.

  A entrada em Vientiane foi longa e acompanhada do intenso cheiro a poluição, onde só se consegue avistar carros, jipes e motas com 3 e 4 pessoas em cima (e sem capacete!!)…

   Fica alguma pena de não ser compatível ficar na quinta com as crianças do kindergarden, com os jovens das aulas de inglês e toda a tranquilidade que se sente por lá.

 
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    O Primeiro dia a acordar sozinhos na quinta, nada de música e meditação! Foi um dia calmo sem muito para fazer, mas a noite foi diferente, jantámos cedo e fomos para a festa que começava hoje (04- Abril). Quando chegámos junto da futura livraria, que por estes dias foi convertida numa banca de jogos de feira, cujo objetivo era a angariação de fundos para a Sunshine school. Parecia lá estar toda a aldeia. De tudo um pouco fizemos desde ajudar a vender rifas para os jogos, encher balões e entregar prémios…  Até fizemos uma amiga local! Claro que a comunicação oral não foi a mais utilizada, pois a nossa amiga nada falava de inglês e o nosso vocabulário em Lao se restringe a 2 palavras (Sabaidee – Olá, Khàwp jai - obrigado). No entanto não nos largou, fez questão de nos apontar para tudo o que gostava, interagia com os outros locais, falava fluentemente connosco (nada entendíamos apenas sorriamos), e passava todo o tempo a abanar-nos com o seu leque para nos refrescar.

   O dia seguinte foi mais um acordar nesta terra da calmaria, e claro mais uma refeiçãozinha de arroz. Já começamos a deitar arroz pelos olhos, mas mal começam a chegar as crianças, o azedume ao arroz desapareceu e voltou a boa disposição.

  Nessa noite foi o grande dia da festa. Onde podemos presenciar um evento espiritual que envolveu toda a aldeia, que consistiu na conversão dos jovens e adultos em monges por uma noite. Num ambiente intimista e de harmonia, todos vestidos de branco, e unidos por fitas brancas (como as do Baci) que começavam todas ligadas a uma figura de buda e formavam uma teia gigante sobre as nossas cabeças. Que bela imagem, e que belo significado, o facto de todos estarem ligados!!! Ai ficaram à luz de velas e ao som de repetitivos mantras em meditação coletiva pelo resto da noite.

  Que especial presenciarmos tamanha comunhão entre gerações em respeito à sua cultura, tradições e religião que os carateriza.

    Foi indiscritível, pois já deitados ainda ouvíamos os monges no templo a cantar os mantras, que se prolongou até às 6h da manhã… editar .

 
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Baci
De 1 a 3 Abril em Veuntan, Laos.


   Acordar às 6h da manhã não é propriamente o que todos gostam de fazer, mas hoje fizemos com gosto. O acordar foi com música e meditação num sítio que tudo tinha de idílico. De seguida um belo pequeno-almoço composto por arroz e fruta, e enquanto comíamos começaram a chegar as crianças do infantário. 

    Enquanto eu fui ajudar uma das pessoas responsáveis na construção de uma futura livraria no centro da aldeia, a Bárbara e a Inês ficaram a ajudar no infantário. É impressionante como 4 pessoas, uma catana, um martelo, uma enxada e, claro, muito conhecimento (não da minha parte) se conseguiu construir um edifício!

   De tarde um grupo de jovens da aldeia apareceram para a aula de inglês, dada por mim. Uma experiência positiva apesar da dificuldade de comunicação, pois o nível de inglês era muito fraco. Contudo correu bem, pois diverti-me e eles também. Agora, se aprenderam alguma coisa isso é que é outra conversa…

   O dia seguinte foi marcado pelo convite de um dos anciões da aldeia para uma cerimónia tradicional do Laos (Baci) em sua casa, para abençoar as suas netas. Fomos muito bem recebidos e podemos participar na cerimónia. Depois da bênção às crianças cada convidado tinha que ao mesmo tempo que desejava boa sorte colocar uma pulseira branca no pulso das crianças e dos convidados. 

   O terceiro dia ficou marcado pelo regresso da pessoa responsável pelo projeto da quinta a Vientiane. Ficámos por nossa conta e dedicámos o dia às pinturas: era preciso pintar as madeiras da cozinha e a cerca da livraria. À noite jantámos com o Tong e fomos dar um passeio pela aldeia. Nos próximos dias vai-se realizar a festa anual da aldeia, que sorte tivemos em estar aqui nesta altura.

   A nossa estadia pela quinta trouxe já boas experiências mas também alguns dissabores. Tivemos uma pequena desilusão pois apercebemo-nos da falta de uma visão para o projeto da quinta, a par de uma resistência (e estou a ser simpático) em discutir ou sequer ouvir ideias por parte da responsável do projeto da quinta. Mas por outro lado, esta viagem vai-se alargar para lá do Laos, pois vamos colaborar com um projeto da GEN (Global Ecovillage Network) no Norte da Tailândia, que vai envolver a reflorestação de uma floresta, com ajuda de crianças, e a colaboração na construção do centro de educação ambiental Gaia School Asia.


 
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31 de Março, da cidade (Vientiane) para o campo (Veuntan)

Sabaidee!

Parte do nosso projecto de voluntariado envolvia a vertente da ecologia, educação ambiental e permacultura, pelo que, no intuito de conhecermos o que por cá se faz, seguimos para a quinta orgânica da Sunshine School. Esta quinta é também infantário e escola de inglês para as crianças e jovens da aldeia.

A quinta fica situada na vila de Veuntan, para a qual temos de atravessar um rio (afluente do Mekong) num ferry, que de ferry pouco tem a não ser boiar. Por 2000 kips (cerca de 0,20 cent) temos a viagem garantida.

Trata-se um um local recatado, onde a maioria das casas são construídas de materiais locais como bambu, troncos de madeira, telhados com folhas de bananeira e palmeira, e todas elas elevadas do chão para evitar inundações na 'rainy season', já que a linha de agua sobe cerca de 10 metros!!

Rostos curiosos, de sorrisos tímidos surgem nas ruas enquanto atravessamos toda a vila que encanta pela sua simplicidade. Isto sim parece um mergulho mais profundo na Ásia. Delicious!



Nessa mesma tarde a convite da Didi Gaori, dedicamos o final de tarde a um passeio relaxado pelo rio num alongado barco de madeira típico, com o friendly Tong (da etnia Hmong) ao comando do motor. A tranquilidade reina e até chegarmos a uma pequena baía para o nosso mergulho,  junto à margem podemos ver pescadores com as suas rudimentares artes a preparar armadilhas ou simplesmente a lançar a rede.


Nessa noite a nossa refeição vegetariana (home made) com arroz soube maravilhosamente bem...um misto de sabores de vegetais crus, com chilli sauce, lima, peanuts, soja...

Mal sabíamos nós que a ementa diária, por 1 semana, seria de sticky rice 3 vezes ao dia!


 
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29 e 30 de Março, Vientiane, Laos

  Surreal é a melhor palavra para descrever a viagem de autocarro até ao Laos. Começando pelo autocarro, que apesar de muito confortável, tinha uma decoração muito kitsch (folhos nas janelas, néons como luzes, tv’s gigantes, etc), o condutor era acompanhado pela mulher e filha que serviam de hospedeiras, e claro, 14 horas de viagem pela frente. O início da viagem foi dividido entre o olhar pela janela e ver o Death Race 3 na tv (sem comentários), onde demorámos quase 4 horas a sair de Bangkok, devido ao trânsito infernal e imensidão da viagem, o resto foi passado meio a dormir meio acordado. Mas o mais insólito da viagem foi quando estávamos apenas a 2km da fronteira e o motorista parou junto à estrada e, com a ajuda da família, começou a lavar o autocarro. Isto demorou 1h! Portanto já sabem, se alguma vez fizerem uma viagem de autocarro de Bangkok até Vientiane são 13h horas de viagem e 1h para verem o motorista a lavar o autocarro.

    Chegados a Vientiane a prioridade foi encontrar a Sunshine School, tarefa não muito difícil. Mal lá chegámos fomos falar com a responsável pelo projeto. Como a escola estava em preparação para a festa do dia seguinte, optámos por descansar um pouco e dar um passeio pela cidade. As primeiras impressões são óptimas, pessoas amáveis e super-prestáveis, uma cidade ainda pouco desenvolvida em termos de edifícios, e maravilhosamente caótica.

   O dia seguinte foi passado inteiramente na escola, fomos convidados de honra para assistir ao espetáculo que as crianças preparam. Já deu para notar que aqui as crianças adoram dançar, pois quase todas as turmas apresentaram espetáculos de dança (trabalho para a Bárbara). Depois da festa tivemos a oportunidade para conversar um pouco mais com a responsável, que nos apresentou à pessoa que dirige o projecto na quinta (numa aldeia a 50km de Vientiane).

   Ficou combinado irmos amanhã com ela para conhecer o que se faz por lá, para termos uma ideia do que se pode fazer com as crianças e com o sítio. Estamos entusiasmados com a possibilidade de dividirmos o tempo entre a cidade e o campo e assim podermos fazer ainda mais coisas por aqui. 

    A ver como corre…


 
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27  e 28 de Março de 2013, Banguecoque38ºC

Depois de uma viagem de 19h horas...AQUI estamos NÓS!
Tentámos começar à grande e andar de transportes públicos, o que se revelou algo complicaaaaaaaaaaado, pelo que 1h depois de tentar desistimos e optámos por um taxi partilhado, onde enfrentamos a hora de ponta tailandesa (ao menos havia Ar Condicionado!!)

Fomos parar ao bairro Banglamphu, supostamente 1 zona mais tranquila e com inúmeras guest houses, onde neste mesmo dia encontrámos uma amiga portuguesa, que nos tem acompanhado.
Por todas as ruas, passeios e estradas estão sempre presentes inúmeros negócios itinerantes vendendo fruta, sumos de fruta, água de coco, noodles, rolinhos de massa de arroz com vegetais, panquecas com banana e chocolate, entre tantas outras!! Ah, e confere que para os mais arrojados poderão encontrar escorpião, sapos, larvas e outros seres crocantes que tais...

Seguiram-se várias caminhadas na companhia de um português habitué da Tailândia, que nos levou a um lado mais real das ruelas do bairro. Degustações gastronómicas e olfactivas eram constantes num contraste entre o esgoto e o salivante cheiro a comida.


É transparente um misto paradoxal de luxúria, capitalismo, tecnologia, tradição, pobreza mascarados em intensos cheiros, diversidade, movimento e frenezim permanente...
Talvez por isso ser uma cidade tão cativante!

Mas a estadia é breve e eu, Henrique e Inês seguimos para Laos de autocarro dia 28, numa viagem de 14h durante a noite, até Vientiane, capital de Laos.

 Banguecoque Voltaremos!! :D