As almas sorridentes continuam a encher o coração...

Visitamos outro projecto.
Quilómetros sem fim de extensões de plantações de arroz cercados de um frenesim envolvendo o processo de colheita, o empilhar das hastes de arroz colhidas com carregadas espigas, a secagem das sementes, o ensacar...movimentos repetitivos ao longo da estrada percorrida, numa coreografia que envolve todas as famílias. 
Entre os campos de arroz, pessoas ficam quase submersas por entre um sem fim de verde, enquanto tentam colher manualmente este precioso item. Outros, mais novos, desfrutam deste lago de forma mais expansiva, mergulhando alegremente, ou exploram a mestria de fazer deslizar suavemente um barco de madeira de palmeira por entre as plantações apenas por prazer ou com o propósito de encontrar uns peixes. 
Esta zona é chamada de Floding area uma vez que a água pode subir 3 a 4 metros na época das chuvas condicionando a vida e a capacidade de deslocação de todas as famílias.
No entanto, a dedicação e dependência à arte de produzir arroz - técnica do floding rice - é mais forte e este é mesmo o sítio onde dedicam a sua vida.
Estas famílias só poderão fazer 2 colheitas anuais, e isso parece ser suficiente para as sustentar... Será?

É longo o percurso...imparável o ritual do arroz...infindáveis os campos de arroz...simples todas as casas...enlameada a estrada...sorridentes as caras que nos observam...e a sensação que transmitem é de paz e doçura.

Mas a vida por aqui é dura. Em tempos em que os mercados - economia - exigem quantidade, as famílias dão tudo para produzir o máximo de arroz possível e nesta sequência estão a por tudo em risco.
Devido ao uso de químico e fertilizantes, para não porem em causa as colheitas (e o máx de produtividade) afectam todo o ecossistema vivo nestas mesmas águas onde o arroz é produzido, impossibilitando a pesca de peixes e inviabilizando o solo a longo prazo.

Mas a exigência é no imediato...a sua urgência é o agora.

                                                                                                     Banteay Meanchey province, 2013
 
Ainda pela Ásia 
Sisophon, Cambodja                                                                                          16 a 22 Setembro 2103

Decidimos dedicar as próximas semanas a diversos projectos da ONG OCKENDEN, no Cambodja.

Nesta última semana conseguimos ter tantas boas experiências, e as pessoas têm sido uma surpresa sempre acolhedora e doce.
Por onde quer que passemos brotam sorrisos de espanto, de olhar fixo em quase descrédito no que vêm...engraçado pois para nós os asiáticos são cada vez mais familiares, no entanto a nossa presença continua a despertar timidez e curiosidade alheias.

Seguimos com a equipa de 3 cambojanos da organização responsáveis por um projecto numa vila recente - com 5 anos - formada por cerca de 600 famílias, junto a uma montanha que separa o Cambodja da Tailândia.
Eles parecem preocupados e sinto que nos tentam preparar falando do cenário que vamos encontrar, falando de olhos esbugalhados... "in the mountains (...) no electricity (...) raining a lot (...) sleepping in a school, on the floor (...)". Tentamos tranquilizá-los dizendo que 'tá-se bem', no problem, estamos habituados, mas eles não parecem muito convencidos.
O percurso até ao projecto na província de Banteay Meanchey é longo pois a estrada não facilita o acesso. Eles dão-lhe o nome de jumpy road, nós percebemos então porquê assim que começou a jornada, mas eu acrescentava funny jumpy road, pois não dá para parar de rir todo o percurso! Cómico demais ver todos aos saltos dentro do carro em constante sincronia.
 Fazemos algumas paragens, uma das quais para nos mostrarem orgulhosamente uma barragem destruída aquando a guerra mas que fora recentemente reconstruída pela oganização - um sem fim de água repleta de inúmeras árvores e enormes nenúfares, de onde brotam coloridas flores de Lotus. 

80 km...6 horas depois...à nossa frente verdejantes montanhas e num plano inferior, uma estrada enlameada e diversas casas e quintas.
Os dias na escola e terreno circundante envolveram a recuperação de uma horta, a plantação de diversos vegetais e cerca de 300 (pequenas) árvores. Isto com a preciosa e divertida ajuda de um grupo de crianças que ficaram curiosos com os barang (estrangeiros). 
Portanto...acordar era às 6h e deitar o mais tardar às 20h, e as refeições confeccionadas por uma das famílias onde foi possível experimentar the real khmer food!!

Ainda visitámos diversas famílias que estão a implementar um projecto apoiado pela OCKENDEN no sentido de proporcionar uma outra uma fonte de rendimento para além da principal actividade - produção de carvão.

 
                                                     Para os curiosos...o link da ONG: 
                       - http://www.ockendencambodia.org/ockendencambodia.org/Welcome.html

 
                                                                                                                    5 a 15 de Setembro de 2013

 Antes de partirmos para o Cambodja planeamos visitar a Alejandra, uma voluntária que conhecemos no projecto da Gaia School, e que tem estado a trabalhar numa escola, numa pequena cidade no interior da Tailândia - Wichian Buri. Por coincidência iria haver um English Summer Camp por esses dias, algo que a Alejandra entusiasticamente nos convidou a participar. Por proposta da escola, em troca da nossa ajuda ofereceram-nos a acomodação. 
 Entre summer camp, passeios e novas amizades o tempo que tínhamos planeado para estar em Wichian Buri estendeu-se e foi com muita pena que partimos. 
  Mas vamos por partes... 

english summer cAMP @ WB

  Não foi fácil chegar a Wichian Buri...
 Depois do longo último dia do João pela Tailândia e de o deixarmos no aeroporto, seguimos no último metro da 00h em direção à estação de autocarros onde tentamos dormitar até à hora da partida. Ás 5h da manhã estávamos no autocarro com destino a Wichian Buri.
 Mal chegámos fomos diretos para a escola onde nos esperavam as crianças e os outros professores. As primeiras impressões foram óptimas, muita organização tanto no programa como nas distribuição de tarefas, boa disposição e muita descontracção dos professores e dos alunos.   Durante os 3 dias que se seguiram a nossa ajuda foi muito reduzida, ajudámos nas actividades que decorriam, participávamos nos jogos preparados e pouco mais, acho que mesmo esse foi o único senão. A juntar a isso a empatia que criámos com os outros professores e com o companheiro de casa da Alexandra, o Brett (americano de Washington) foi espectacular e quase me esquecia do pormenor de que a acomodação que a escola nos arranjou foi no melhor hotel da cidade!

...as passeatas...

  Assim que acabou o summer camp um dos professores ofereceu-se para nos mostrar um pouco da região durante o fim-de-semana. E assim fomos na companhia da Alejandra e do Brett à descoberta de um dos 72 distritos que compõem o reino da Tailândia - Phetchabun. Foram dois dias recheados de muitas horas de carro entre montanhas, verde até perder de vista, visitas a vários templos e ainda por termos participado numa festa de uma empresa de seguros só porque sim! 
 A beleza da zona despertou a nossa curiosidade pelo norte da Tailândia e se não tínhamos planeado visitá-lo, vamos de certeza guardar uns dias do ultimo mês para explorar um pouco mais. Os templos foram para todos os gostos, templos tailandeses, chineses mas houve um em especial que marcou - Wat Phasornkaew em Khao Kho. Este templo foi o mais bonito e diferente de todos até agora, as figuras geométricas, as espirais, as cores, os mosaicos e a sua localização entre as montanhas são representativas de uma imensa criatividade e bom gosto. O tempo por lá passado soube a pouco, por onde quer que olhássemos havia um sem fim de pormenores levando a imaginação num flutuar de fantasias... 
 Pela noite ficámos na pequena localidade de Phitsanulok, onde depois de tantas horas de carro, decidimos ir dar uma volta em busca de algum sitio para descontrair, na qual fomos atraídos pelo som de uma festa que decorria entre dois prédios no meio da rua, e qual é o nosso espanto que mal nos aproximamos fomos puxados para a festa. Tratava-se de uma festa de trabalhadores de uma empresa de seguros, que nos receberam como se fossemos da casa. 
 Foi tão inesperado e divertido que fechámos a festa! A dada altura o grupo que actuava num palco propositadamente montado para o evento fazia-o só para nós.

una casa, comodidad y amigos

 Decidimos ficar mais uns dias em Wichian Buri, desfrutar da hospitalidade da Alex e do Brett e acima de tudo para recuperar energias - ah, também porque a Bárbara deu um jeito às costas e esteve em "reabilitação". Deu para por as leituras em dia, escrever, ajudar na escola, deliciarmo-nos com os petiscos locais, sendo que um dos melhores sítios para comer era na escola. Na véspera de partirmos tivemos a companhia de 2 amigos da Alex - um iraniano e uma colombiana - numa noite animada, longa e também contemplativa. 

  A custo lá partimos no dia seguinte, próxima paragem...CAMBODJA!!!!
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on our way to Cambodia