31 de Maio a 3 de Junho 2013

  Antes de contar as aventuras em Luang Prabang (e foram muitas), é preciso deixar algumas palavras sobre o autocarro e a viagem em si. O autocarro era um sleeping bus local, ou seja, em vez de cadeiras tinha cabines para 2 pessoas com uma cama, um condutor e duas pessoas para o manter acordado, muitos folhos e neon’s, e claro, 12 horas de viagem com muitas paragens pelo meio. Mal conseguimos dormir durante a viagem devido a um misto de excitação e desconforto.

   Chegámos cedo a Luang Prabang e fomos logo diretos ao sítio onde íamos ficar, apesar de ser um pouco mais caro do que estávamos à espera não procurámos mais. A visão e a ideia de dormir numa cama, algo que já não fazemos há algum tempo, somado ao cansaço fez com que ficássemos logo por ali. O resto do dia foi passado a provar iguarias locais e conhecer os cantos à cidade. Muito bonita, e muito diferente de Vientiane, verde e mais verde, rodeada por montanhas até perder de vista e cercada por 2 rios, o Mekong e um dos seus afluentes.

   Na manhã seguinte alugámos uma mota e partimos à descoberta. O itinerário cobria uma extensa exploração pelos arredores da cidade com a visita às grutas (Pak Ou Caves) a 25km, 2 quedas de água a outros tantos km de distância e descobrir a cidade em si.

- Abastecer a mota: check!

- Abastecer estômagos: Noodle soup, check!

- Confiança de Lao riders: Check!

   Preparadíssimos fomos desfrutando da viagem a caminho das grutas, por entre pequenas aldeias, estradas de alcatrão e terra batida, com as montanhas e o rio como paisagem de fundo. Heis que quando faltava apenas cerca de 1km… o Santiago cai da mota! Depois do susto inicial, os danos não eram muito graves: uns quantos arranhões no corpo e no ego. Voltámos para trás e parámos numa aldeia para tratar das feridas, escusado será dizer que tivemos a companhia de toda a aldeia a dar palpites. Regressámos à Guesthouse para deixar o acidentado e partimos para ver uma das quedas de água e tentar aproveitar o resto do dia. Valeu bem a pena, pois todo o cenário envolvente do local e a viagem até lá foram mágicos.

   O resto do tempo foi passado ao ritmo do Santiago, aproveitando para beber umas jolas e rir do que se tinha passado, visitámos alguns templos, passeámos de barco pelo Mekong, fizemos umas compras no night market e comemos muito. Por aqui existem bancas de comida onde se pode encher o prato com o que se quiser por apenas 1€, e acreditem que há muito por onde escolher. Enfim…uma viagem turística!

  Pelas paisagens, o verde das árvores, as cores das flores, os rios, a atmosfera da cidade e das pessoas, partimos com a sensação que não vimos tudo, mas ao mesmo tempo valeu a pena ter vindo até aqui. Sem dúvida que este episódio da nossa viagem ficará na nossa memória, como a viagem em que quase vimos umas grutas em Laos!
 
 Imagem
Buddha Park
                                                                                                                                  25 a 30 de Maio 2013

  O fim-de-semana ficou marcado pela festa de aniversário do Baba (Shri Shri Anandamurti - fundador da Ananda Marga) e pelo passeio de toda a “família” ao Buddha Park. A festa consistiu numa cerimónia simples, que passou pela meditação coletiva,  pelo batizado de um bebé e comidinha feita pela Grace e por nós. O melhor mesmo foi termos conseguido com que todos viessem no dia seguinte connosco ao Buddha Park. E assim foi… de manhã arrancámos todos para ver um sitio excêntrico, repleto de estátuas que combina as filosofias Budista e Hindu. Figuras de Buda para todos os gostos: deitado, gordo, magro e tantas outras divindades. Foi muito bom partilhar o dia com o Tong, as Didis e o resto da malta que tem sido a nossa família aqui no Laos, noutro contexto que não a escola ou em casa.

  Durante a semana, depois da escola, começava uma nova fase da nossa aventura - as food trips com o Santiago! Pegávamos nas bicicletas e passeávamos por Vientiane à procura de comida. O que não é difícil, difícil é escolher! Entre as inúmeras coisas que comemos é de salientar, as asas de frango fritas, empadas de carne, salsichas grelhadas e claro as tartes de mousse de chocolate!!! Outra coisa boa destas aventuras foi poder conhecer melhor o Santiago, uma pessoa descontraída, que só se mexe com vontade quando é para comer e isso sabe ele fazer muito bem…

   Na escola, apesar da desilusão inicial com os trabalhos realizados pelas crianças, conseguimos que estes fossem melhorados e finalizados a tempo das apresentações orais. Mas isso é só para a semana, entretanto vamos conhecer um pouco mais do Laos com uma viagem ao Norte do país… até já!



 
                                                                                                                            19 a 24 de Maio 2013  

  De volta a realidade laosiana, dias calmos e sem stress (a não ser o nosso de ter tão pouco que fazer).

  Depois de um fim-de-semana de reencontros com os nossos amigos, repor energias e matar saudades das baguetes, era tempo de voltar à escola e ver como estava a correr o projecto de inglês. O que encontrámos foi uma mistura de surpresa e desilusão, quase todos os grupos tinham acabado a parte da pesquisa e tinham as apresentações preparadas no entanto o nível de inglês ficava a desejar e a maioria das apresentações revelavam falta de dedicação, enfim de volta à realidade!? De qualquer forma também não podíamos ajudar muito mais pois esta semana decorriam os exames nacionais.

   O resto da semana ficou marcado pela chegada de um novo voluntário, Santiago da Silva (Tiago Silva, para os amigos), e pelo regresso a Veuntan. Mas vamos por partes...o Santiago é um jovem de 30 anos, australiano nascido no Sri Lanka, com uns respeitáveis 1,88m, mais de 100kg de peso e pelas primeiras impressões boa gente e muito bem-disposto. O regresso a Veuntan foi sem dúvida uma grande surpresa, pois já não contávamos lá voltar depois do sucedido na primeira visita.

   A Putsavan (uma das responsáveis do Projecto) convidou-nos para a irmos ajudar a plantar umas árvores e claro que nem pensámos 2 vezes e lá arrancámos na quinta-feira de manhã cedo em direção a Veuntan. Mal lá chegamos tomámos o segundo pequeno-almoço, brincámos um pouco com as crianças do infantário e partimos para o campo, um trabalho duro de plantar e construir um muro para proteger um campo de arroz. Tivemos a ajuda indispensável de 2 crianças da vila, e para sermos honestos, eles fizeram mais do que nós os 3 juntos. Ao fim do dia, depois de um passeio pela aldeia, senta-mo-nos à volta da mesa a preparar o jantar e a aproveitar para conhecer melhor o Santiago. 

   Depois desta estadia, apesar de curta e inesperada, deu para revisitar o sítio que marcou o inicio da viagem.
  Já para não falar que aprendemos que miúdos de 12 anos cavam muito melhor que nós! 

 
 Imagem Dress code for the F*** Hot time! By Tom & Om
                                       16 a 18 de Maio de 2013

 O final do dia anterior ficou marcado pelo regresso do Tom e da Om e com a notícia de que não seria possível realizar o trabalho no Gaia Ashram. A Om está com dificuldades em conseguir o visto para a Suíça, local onde vai estar em Julho para a conferência mundial da Global Ecovilage Network (GEN), pelo que terá que se deslocar a Bangkok nos próximos dias. Claro que ficámos um pouco tristes com a notícia, pois o prazer de estar ali era imenso. 


Depois de uma reflexão a quatro sobre o que queríamos e podíamos realizar naqueles últimos dias, ficou decidido que íamos dedicar toda a energia ao que havia para fazer, e assim foi! Nos dois dias seguintes plantámos imensas árvores e ficou desenhado o futuro local onde se irá construir o edifício principal da Gaia School of Asia. Na altura em que tínhamos de fugir do calor aproveitámos para dar mais passeios de mota e abrigarmo-nos no conforto do ar condicionado da loja de internet. As noites foram preenchidas com belos jantares e belas conversas. Numa dessas noites fomos convidados pela família da Om para um jantar típico Issam (nome do povo desta região da Tailândia) em sua casa. Sentámo-nos todos no chão em círculo, não havia pratos individuais (só para nós e para o Tom, os Falang), e a refeição consistia em vários pratos típicos: sopa de peixe, sticky rice, uma mistura de vegetais e um prato de ovos mexidos recheado de ovos de formiga!!! (foi a coisa mais fora do vulgar que comemos até agora). 

  E assim chegámos ao dia do adeus! Quando acordámos sentíamo-nos felizes e havia uma boa energia no ar, isto apesar de saber que aquelas seriam as últimas horas ali. As despedidas foram rápidas à moda asiática, sem grandes sentimentalismos pois aqui não se diz adeus a ninguém, é sempre um até já. Depois das despedidas dos nossos amigos Tom e Om e de passar a fronteira de novo para o Laos chegamos a casa e fomos recebidos pela Grace e o seu sorriso contagiante.

   De novo em Vientiane!

P.s. – Tudo o que aconteceu até agora e que irá acontecer ao longo destes meses que estão para vir ficarão marcados na nossa memória, mas não temos dúvida de que esta experiência será uma das mais marcantes. Pelo que fizemos, recebemos, aprendemos e pelo que podemos vir a fazer no futuro com estes novos amigos!  


 
                                                                                                                                 11 a 15 de Maio 2013   

   Hoje acordámos e não havia crianças! Que bom e que estranho ao mesmo tempo, depois de 10 dias tão intensos. Antes de nos despedirmos fizemos uma reflexão coletiva sobre o que tinha corrido bem e do que podia ter corrido melhor. Foi uma bela partilha e um bom exercício. À noite comprámos umas cervejas, o Raj (voluntário indiano) e a Bárbara fizeram o jantar, e celebrámos todos juntos o que tínhamos conseguido realizar nesses últimos dias. A manhã seguinte foi de despedidas, pois só nós é que vamos ficar para a segunda fase do projecto, que vai consistir em trabalhar no futuro local que irá ser a sede da Gaia School of Asia.

   A Om e o Tom também decidiram fazer uma pausa de alguns dias e deixaram nos ficar na sua “casa de campo”, um pequeno Hut no seu terreno. Uma pequena construção de madeira desprovida de electricidade, água canalizada e janelas!!! Mas não faltava conforto e uma vista incrível das tempestades eléctricas que quase todos os dias ao fim do dia enchiam o céu. Os dois primeiros dias serviram para descansar e pôr a escrita em dia, e penso que, pela primeira vez, desde que chegámos à Ásia conseguimos dormir uma noite inteira.

   Estes momentos de paz só foram interrompidos ou quando a Nic, a Bam e a Nut (crianças da vila) nos vinham visitar para brincar, ou quando íamos dar pequenos passeios pela aldeia para comer uma noodle soup ou beber algo fresco e as pessoas tentavam interagir connosco. Foi possível sentir a satisfação das pessoas com o que estávamos a fazer na sua aldeia e com as crianças.

   No entanto, depois de vários dias sem contacto com o resto do mundo, surge a necessidade de…internet!!  O sítio mais perto ficava a 10 km. A primeira tentativa foi de bicicleta, mas era impossível repetir a proeza com o calor que se fazia sentir. Como dizem os locals, há 3 tipos de climas: Hot, So Hot, and F**** Hot, e parecia que todos os dias eram o F**** Hot. Durante a manhã, num dos nossos passeios pela aldeia, surge a mãe da Om acompanhada de um homem que nunca tínhamos visto antes e de uma mota! E entre o Tailandês e o Inglês lá percebemos que nos estavam a oferecer a mota de graça para usarmos naquele dia! Problema resolvido, passeio de mota pelas redondezas e tarde na net. 

   Este acaso entre termos uma necessidade e ela ser resolvida de forma tão espontânea tem sido uma constante desde que aqui estamos…

 
 Imagem
                                         1 a 10 de Maio de 2013


  Se tivéssemos de escolher algumas palavras para descrever estes 10 dias no 1000 Tree Project - Nature Youth Camp (Thailand) teríamos…




                             
                               alegria        diversão      aprendizagem       cansaço      ligação

                               liberdade           inspiração           natureza         amor        amizade


  O foco principal foi ensinar inglês a par de uma maior consciencialização das alterações climáticas e de uma relação de proximidade e cuidado com a natureza, e claro…plantar o máximo de plantas possível!

   As actividades decorriam desde as 8h30 da manhã e as 20h30 da noite, com os devidos intervalos para almoço e jantar, mas digamos que as crianças com tamanha excitação estiveram sempre presentes na escola, fazendo-se ouvir de forma permanente! non stop

  Toda a acção decorreu na escola da aldeia, onde ficámos a dormir, fazíamos as refeições e onde decorriam as aulas ao ar livre, quando não chovia.

   Assim que chegámos, a Om e o Tom fizeram questão de nos por a par do plano geral, dos temas a abordar e das principais actividades que tinham em mente, com abertura para participarmos com o que quisermos. Desde logo pareceu perfeita a forma como tinham tudo delineado e encadeado, gerando aquela ansiedade boa de começar!

  O contacto com as crianças foi imediato e apesar de nenhuma falar inglês deu para brincar, inventar instrumentos musicais e explorar sons, receber prendas (anéis, pulseiras, etc.) feitas com folhas de coqueiro, assistir a fantástica habilidade de trepar árvores… enfim, um deslumbrar do mundo infantil… :)

   De acordo com os temas delineados a abordar, fazíamos reuniões diárias para definir quem fazia o quê e para se partilhar ideias de jogos e actividades para o efeito. Igualmente ao final do dia reflectia-se sobre o que cada um tinha sentido, o que não tinha corrido tão bem e como se poderia melhorar no dia seguinte.

   A equipa era constituída pela Om e Tom (fundadores do projeto), 6 voluntários (eu, Henrique, Alex – Columbia, Raje – India, Im e Mieu – Tailândia), a mãe e a cunhada da Om que nos preparavam as maravilhosas thai meals todos os dias.

  Em relação ao sticky rice (khine cow, em thai) existe um ditado que se aplica na perfeição… primeiro estranha-se, depois entranha-se! Todos os dias ficava a desejar que o almoço e jantar tivessem o delicioso sticky rice!

1000 tree Project - Program