As almas sorridentes continuam a encher o coração...

Visitamos outro projecto.
Quilómetros sem fim de extensões de plantações de arroz cercados de um frenesim envolvendo o processo de colheita, o empilhar das hastes de arroz colhidas com carregadas espigas, a secagem das sementes, o ensacar...movimentos repetitivos ao longo da estrada percorrida, numa coreografia que envolve todas as famílias. 
Entre os campos de arroz, pessoas ficam quase submersas por entre um sem fim de verde, enquanto tentam colher manualmente este precioso item. Outros, mais novos, desfrutam deste lago de forma mais expansiva, mergulhando alegremente, ou exploram a mestria de fazer deslizar suavemente um barco de madeira de palmeira por entre as plantações apenas por prazer ou com o propósito de encontrar uns peixes. 
Esta zona é chamada de Floding area uma vez que a água pode subir 3 a 4 metros na época das chuvas condicionando a vida e a capacidade de deslocação de todas as famílias.
No entanto, a dedicação e dependência à arte de produzir arroz - técnica do floding rice - é mais forte e este é mesmo o sítio onde dedicam a sua vida.
Estas famílias só poderão fazer 2 colheitas anuais, e isso parece ser suficiente para as sustentar... Será?

É longo o percurso...imparável o ritual do arroz...infindáveis os campos de arroz...simples todas as casas...enlameada a estrada...sorridentes as caras que nos observam...e a sensação que transmitem é de paz e doçura.

Mas a vida por aqui é dura. Em tempos em que os mercados - economia - exigem quantidade, as famílias dão tudo para produzir o máximo de arroz possível e nesta sequência estão a por tudo em risco.
Devido ao uso de químico e fertilizantes, para não porem em causa as colheitas (e o máx de produtividade) afectam todo o ecossistema vivo nestas mesmas águas onde o arroz é produzido, impossibilitando a pesca de peixes e inviabilizando o solo a longo prazo.

Mas a exigência é no imediato...a sua urgência é o agora.

                                                                                                     Banteay Meanchey province, 2013
 
Ainda pela Ásia 
Sisophon, Cambodja                                                                                          16 a 22 Setembro 2103

Decidimos dedicar as próximas semanas a diversos projectos da ONG OCKENDEN, no Cambodja.

Nesta última semana conseguimos ter tantas boas experiências, e as pessoas têm sido uma surpresa sempre acolhedora e doce.
Por onde quer que passemos brotam sorrisos de espanto, de olhar fixo em quase descrédito no que vêm...engraçado pois para nós os asiáticos são cada vez mais familiares, no entanto a nossa presença continua a despertar timidez e curiosidade alheias.

Seguimos com a equipa de 3 cambojanos da organização responsáveis por um projecto numa vila recente - com 5 anos - formada por cerca de 600 famílias, junto a uma montanha que separa o Cambodja da Tailândia.
Eles parecem preocupados e sinto que nos tentam preparar falando do cenário que vamos encontrar, falando de olhos esbugalhados... "in the mountains (...) no electricity (...) raining a lot (...) sleepping in a school, on the floor (...)". Tentamos tranquilizá-los dizendo que 'tá-se bem', no problem, estamos habituados, mas eles não parecem muito convencidos.
O percurso até ao projecto na província de Banteay Meanchey é longo pois a estrada não facilita o acesso. Eles dão-lhe o nome de jumpy road, nós percebemos então porquê assim que começou a jornada, mas eu acrescentava funny jumpy road, pois não dá para parar de rir todo o percurso! Cómico demais ver todos aos saltos dentro do carro em constante sincronia.
 Fazemos algumas paragens, uma das quais para nos mostrarem orgulhosamente uma barragem destruída aquando a guerra mas que fora recentemente reconstruída pela oganização - um sem fim de água repleta de inúmeras árvores e enormes nenúfares, de onde brotam coloridas flores de Lotus. 

80 km...6 horas depois...à nossa frente verdejantes montanhas e num plano inferior, uma estrada enlameada e diversas casas e quintas.
Os dias na escola e terreno circundante envolveram a recuperação de uma horta, a plantação de diversos vegetais e cerca de 300 (pequenas) árvores. Isto com a preciosa e divertida ajuda de um grupo de crianças que ficaram curiosos com os barang (estrangeiros). 
Portanto...acordar era às 6h e deitar o mais tardar às 20h, e as refeições confeccionadas por uma das famílias onde foi possível experimentar the real khmer food!!

Ainda visitámos diversas famílias que estão a implementar um projecto apoiado pela OCKENDEN no sentido de proporcionar uma outra uma fonte de rendimento para além da principal actividade - produção de carvão.

 
                                                     Para os curiosos...o link da ONG: 
                       - http://www.ockendencambodia.org/ockendencambodia.org/Welcome.html

 
                                                                                                                    5 a 15 de Setembro de 2013

 Antes de partirmos para o Cambodja planeamos visitar a Alejandra, uma voluntária que conhecemos no projecto da Gaia School, e que tem estado a trabalhar numa escola, numa pequena cidade no interior da Tailândia - Wichian Buri. Por coincidência iria haver um English Summer Camp por esses dias, algo que a Alejandra entusiasticamente nos convidou a participar. Por proposta da escola, em troca da nossa ajuda ofereceram-nos a acomodação. 
 Entre summer camp, passeios e novas amizades o tempo que tínhamos planeado para estar em Wichian Buri estendeu-se e foi com muita pena que partimos. 
  Mas vamos por partes... 

english summer cAMP @ WB

  Não foi fácil chegar a Wichian Buri...
 Depois do longo último dia do João pela Tailândia e de o deixarmos no aeroporto, seguimos no último metro da 00h em direção à estação de autocarros onde tentamos dormitar até à hora da partida. Ás 5h da manhã estávamos no autocarro com destino a Wichian Buri.
 Mal chegámos fomos diretos para a escola onde nos esperavam as crianças e os outros professores. As primeiras impressões foram óptimas, muita organização tanto no programa como nas distribuição de tarefas, boa disposição e muita descontracção dos professores e dos alunos.   Durante os 3 dias que se seguiram a nossa ajuda foi muito reduzida, ajudámos nas actividades que decorriam, participávamos nos jogos preparados e pouco mais, acho que mesmo esse foi o único senão. A juntar a isso a empatia que criámos com os outros professores e com o companheiro de casa da Alexandra, o Brett (americano de Washington) foi espectacular e quase me esquecia do pormenor de que a acomodação que a escola nos arranjou foi no melhor hotel da cidade!

...as passeatas...

  Assim que acabou o summer camp um dos professores ofereceu-se para nos mostrar um pouco da região durante o fim-de-semana. E assim fomos na companhia da Alejandra e do Brett à descoberta de um dos 72 distritos que compõem o reino da Tailândia - Phetchabun. Foram dois dias recheados de muitas horas de carro entre montanhas, verde até perder de vista, visitas a vários templos e ainda por termos participado numa festa de uma empresa de seguros só porque sim! 
 A beleza da zona despertou a nossa curiosidade pelo norte da Tailândia e se não tínhamos planeado visitá-lo, vamos de certeza guardar uns dias do ultimo mês para explorar um pouco mais. Os templos foram para todos os gostos, templos tailandeses, chineses mas houve um em especial que marcou - Wat Phasornkaew em Khao Kho. Este templo foi o mais bonito e diferente de todos até agora, as figuras geométricas, as espirais, as cores, os mosaicos e a sua localização entre as montanhas são representativas de uma imensa criatividade e bom gosto. O tempo por lá passado soube a pouco, por onde quer que olhássemos havia um sem fim de pormenores levando a imaginação num flutuar de fantasias... 
 Pela noite ficámos na pequena localidade de Phitsanulok, onde depois de tantas horas de carro, decidimos ir dar uma volta em busca de algum sitio para descontrair, na qual fomos atraídos pelo som de uma festa que decorria entre dois prédios no meio da rua, e qual é o nosso espanto que mal nos aproximamos fomos puxados para a festa. Tratava-se de uma festa de trabalhadores de uma empresa de seguros, que nos receberam como se fossemos da casa. 
 Foi tão inesperado e divertido que fechámos a festa! A dada altura o grupo que actuava num palco propositadamente montado para o evento fazia-o só para nós.

una casa, comodidad y amigos

 Decidimos ficar mais uns dias em Wichian Buri, desfrutar da hospitalidade da Alex e do Brett e acima de tudo para recuperar energias - ah, também porque a Bárbara deu um jeito às costas e esteve em "reabilitação". Deu para por as leituras em dia, escrever, ajudar na escola, deliciarmo-nos com os petiscos locais, sendo que um dos melhores sítios para comer era na escola. Na véspera de partirmos tivemos a companhia de 2 amigos da Alex - um iraniano e uma colombiana - numa noite animada, longa e também contemplativa. 

  A custo lá partimos no dia seguinte, próxima paragem...CAMBODJA!!!!
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on our way to Cambodia
 
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João, 17 anos oriundo de Valongo - Antanhol (Coimbra) - embarca na sua primeira viagem sozinho à Tailândia com a missão de...
ver o seu mano!


Pedimos-lhe uma retrospectiva deste mês que passou connosco, aqui vai:
Após de muito insistir com os meus pais eles deram-me como prenda de aniversário uma viagem à Tailândia para poder ir visitar o meu irmão e a Bárbara, pois já estava com muitas saudades deles.

Este mês na Tailândia para além de muito trabalho foi divertido e culturalmente enriquecedor. Depois do trabalho na quinta e no resort por vezes ser bastante cansativo, tínhamos bons momentos com as pessoas. Na quinta haviam voluntários de outras nacionalidades e que eram curiosas em relação a outras culturas, assim havia intercâmbio de ideias e crenças entre todos nós, em que a base era a boa disposição. No resort, o trabalho era menos árduo do que na quinta, e o mais engraçado era que a pessoa que geria o resort nos dizia para trabalhar menos e depois vinha-nos oferecer cocos a meio da manhã.

Achei a Tailândia um país bastante vivo, pessoas constantemente na rua a comprar ou a venderem coisas, para além disto é um país com bastantes paisagens verdes e com águas azuis que adorei ver.

As pessoas locais são normalmente amigáveis com os estrangeiros, recebendo-nos sempre com um sorriso. Mas a característica que eu achei mais engraçada nas pessoas é que tudo o que conseguem vender, vendem!

Concluindo, este mês deu para matar saudades do meu irmão, da Bárbara, ficar farto deles (e eles ficarem fartos de mim) por estarem sempre a chatear-me para ser mais maduro, treinar o inglês e ainda criar o desejo de voltar e conhecer mais dos países asiáticos. 
 
                                                                                                   27 de Agosto a 4 de Setembro de 2013

   A muito custo lá partimos de Koh Lanta em direção à Malásia, pois eu e o meu irmão precisávamos de renovar os vistos, sem no entanto ter a certeza se me dariam o visto.

   Depois de mais uma tortura de 8h de viagem numa minivan chegámos a Hat Yai, uma cidade Tailandesa junto à fronteira com a Malásia. Decidimos ficar ali 2 dias para descansar e planear os próximos passos. A cidade é conhecida pela sua comida, e não desilude, a mistura de culturas - thai, muçulmana e chinesa - reflete-se na gastronomia e na vida da cidade.
   No dia 29 partimos em direção à Malásia, com destino à ilha Langkawi. Partimos cedo pois a preocupação de não conseguir o visto estava sempre presente, o que complicaria muito o resto da nossa viagem. Mas tudo correu sem problemas, na fronteira olharam para o passaporte, brincaram com a situação de ser tão pequeno e deram-me 3 meses de visto sem qualquer custo…

  Chegados a Langkawi, e depois de instalados na Daddy’s cool guesthouse, fomos repor energias com um belo almoço indiano, relaxar na praia e dar uns mergulhos naquela água azul. O facto de ainda estarmos na época baixa, e de volta e meia cair uma chuvada tropical, o calor está sempre presente.

   No dia seguinte alugamos 2 motas e partimos à descoberta da ilha. O destino tinha sido mais ou menos planeado, mas como gostamos deixámos que o improviso determinasse a rota e onde parar. Foi num desses desvio que encontrámos várias baías azuis desertas de pessoas, mas recheadas de vida, entre lagartos gigantes, aves de várias cores e muitos macacos, pudemos desfrutar um pouco da ‘wild life’ da ilha. Depois de um mergulho seguimos caminho durante mais de 7h, onde visitámos 2 quedas de água, uma praia de areia preta, um Mercado para reabastecer as energias e subimos ate a um dos pontos mais altos da ilha para apreciar a vista. O resultado foi um dia bem passado e rabos doridos! O resto do tempo na ilha foi passado na praia e na companhia da nossa nova amiga Leo, uma muçulmana muito descontraída que nos tinha alugado as motas e que deu muitas e boas dicas ao meu irmão sobre mulheres!
  Depois de Langkawi regressámos a Bangkok com a missão de deixar o meu irmão no aeroporto. Aproveitámos para passear mais uma vez pela cidade tentando fugir das zonas mais turísticas, e é incrível o quão diversa esta cidade é, como em ruas paralelas podemos sentir que estamos em mundos tão diferentes, se num momento estamos rodeados de carros, lojas, correria e consumismo, desviando um pouco deparamo-nos com pobreza, e a simpatia em sorrisos surpresos das pessoas ao nos verem por ali.

  O dia da partida do João, um longo dia com as mochilas atrás, passou-se entre compras, voltas para tratar do visto do Camboja para a Bárbara e muitas mais voltas, terminando no aeroporto em modo de despedida.

 Temos a sensação que o mês passou a correr, e que tanto para nós, como para ele, foi uma experiencia incrível!
 
                                                                                                                     21 a 26 de Agosto de 2013   


   A noite fora longa e recheada de alegria, mas não havia tempo para ficar na cama, o dia era de folga na Asalanta e tínhamos planeado fazer um passeio de barco e fazer snorkeling. Quando estávamos a tomar o pequeno-almoço a Anke veio ter connosco a pedir para irmos embora. Apesar de já estar a espera que tal acontecesse, pois desde o dia da discussão com os voluntários, o comportamento deles nunca mais foi o mesmo para connosco. No entanto, não acreditava que fossem capazes de tal sem uma conversa ou justificação. Não quisemos fazer muito caso daquilo pois estávamos entusiasmados com o passeio e depressa nos esquecemos deste incidente.

O dia foi incrível, já tinha saudades de andar de barco, visitamos 3 das muitas ilhas que pontuam o mar envolvente a Koh Lanta. Nesta zona, situada no mar do Andaman (Oceano Indico), ainda existem muitas ilhas não habitadas ou que são apenas habitadas por povos nómadas que vivem nesta parte da Tailândia, pessoas que vivem do e no mar quase toda a sua vida. Sempre que o barco parava aproveitávamos para fazer snorkeling, apesar dos corais, das mil e uma cores dos peixes que nos rodeavam, o ponto alto foi mesmo termos a companhia de 2 tubarões de pontas pretas num desses mergulhos =)

  Quando chegamos a Asalanta estávamos decididos em partir no dia seguinte pois as energias eram poucas. Qual foi o nosso espanto quando fomos recebidos com estas palavras: "Não nos fazem felizes por isso queremos que se vão embora". No entanto se fosse preciso ficar só tínhamos de pagar 150 bht por pessoa p.

  Saímos dali e fomos ter com Lack com a intensão de lhe pedir para nos levar para uma guesthouse, mas apos muita insistência e de reafirmar o convite que nos tinha feito no dia anterior aceitamos e lá fomos para o Resort do Sing.

   Acordar naquele sítio era como uma lufada de ar fresco, sobre tudo o que tínhamos passado na noite anterior. Apesar do Sing querer que descansássemos era impossível não tentar retribuir o que aquelas pessoas estavam a fazer por nos e la pusemos as mãos a obra. Ao fim da manha ele veio ter connosco com cocos acabados de apanhar, a pedir para pararmos e que fossemos dar um mergulho.

   Os dias seguintes foram fantásticos, entre pequenos-almoços, almoços e jantares cada vez mais elaborados e apreciados com uma vista incrível sobre a praia, ajudar o Sing durante a manha, muitos mergulhos no mar, apanhar cocos e poder dormir num bungalow junto ao mar de borla, que mais podíamos pedir!?

   À tarde tínhamos sempre a companhia da Ariane e da Jája que vinha ter connosco, e num dos dias alugamos todos motas e fomos explorar o resto da ilha. Fomos até à Old town, uma localidade onde a casas todas de Madeira estão construídas sobre o mar e pudemos nos deliciar com um maravilhosos gelado confecionado pelo Fáfá, um francês muito relaxado e muito simpático.

  Infelizmente o dia da partida chegara, mas antes fizemos um jantar conjunto com o Sing o Lack e as nossas amigas, para de alguma forma tentar agradecer todos os bons momentos que vivemos. O sentimento com que partimos e maravilhoso pois estas pessoas marcaram-nos com a sua forma de viver, de ver o mundo e de lidar com os outros, e quem sabe se não voltaremos ainda durante esta viagem….
 
                                                                                                                  de 14 a 21 de Agosto de 2013

  As Quartas-feiras são de descanso, o que deu lugar a muita praia, tranquilos passeios a pé, descanso e um pôr-do-sol no Diamond Cliff com 'fancy' clocktails, na companhia das 2 voluntárias. 
 
  Mas o final deste doce dia reservava um desentendimento entre os voluntários e os proprietários de Asalanta. As regras por aqui revelam-se pouco claras, porém rígidas. Entre o que se tem de pagar, o que podemos usufruir, se somos clientes, voluntários ou se estamos a criar algum tipo de relação de confiança...
  Depois de muita conversa prevalece um sentimento de que isto se trata mais de um negócio e menos de um projecto de trocas, onde nós somos clientes sem saber, numa ilusão de voluntariado, com direitos pouco equitativos. 
  Apesar desta nova 'consciência' optamos por continuar por aqui...
 
  O regime da primeira semana passava pelo pagamento de 3000 bht/pax (75€) com direito a alojamento e alimentação, trabalhando 2h/dia. Nesta segunda semana tivemos de pagar apenas as despesas (80bht/pax/semana), sem direito a refeições e a trabalhar 4 horas por dia. Caso não pudéssemos trabalhar (por doença ou outro motivo) teríamos de pagar 150 bht por dia.

  Por alguma razão os portugueses (nós os 3!) acabámos juntos numa 'equipa' com os trabalhos mais árduos...entre os quais: cavar 6 buracos (1m x 1m) para captar água no meio da floresta; carregar às costas sacos com toda a terra cavada até Asalanta; cortar canas de bambu (de 5m) e carrega-las até um lago onde as deixam de molho para ficarem sem bichos, foram as principais tarefas.

   Pelo meio eu e o João fomos atacados por uma colmeia de abelhas, enquanto cavávamos o nosso 1º buraco, de onde resultou uma corrida pela floresta aos gritos e várias picadas na cabeça, pescoço e axila! No dia dos bambus tive também o privilégio de levar com uma bela paulada de uma ENORME cana de bambu, bem na testa, que triplicou de tamanho apenas num segundo, deixando o olho roxo do dia seguinte.

  Pelas tardes visitava-mos os mercados locais, onde comprávamos a nossa mercearia e degustávamos os petiscos à venda, descontraiamos no Richey's (bar favorito em cima da praia) ou quando a lazziness reinava ficávamos por Asalanta em consecutivos jogos de cartas, Jenga ou Rummikub. Numa destas tardes de lanzeira e jogos tivemos a companhia do Lack, um vizinho e amigo, onde pudemos conhece-lo melhor.
  Lanta native, que nos fala na sua história por Koh Lanta e todas as mudanças da ilha desde que era pequeno, das suas viagens pela Europa, da sua forma de viver transmitindo muita simplicidade, humildade e boa energia.
    Num dos jantares em o convidámos para experimentar a papya salad (Si Lom) e o sticy rice por nós preparado...o Lack surge com uma ideia fantástica para o dia seguinte, que seria o meu aniversário: dar um passeio pelo Sul da ilha, ir até a uma praia ao final da tarde, jantarmos juntos à volta de uma fogueira e apreciar a LUA cheia.

   Esta segunda semana ficou também marcada pela partida da Bat (voluntária israelita) e a chegada da Jaja (da Malásia).    
                                                                    
  Dia 20 é o aniversário da Biiiiiiiiiiiii (têm de imaginar a Cristiana a dizê-lo)
  •  pela manhã | bambu fight: Biri - KO / Bambu - winner!!! (público: "buuuuuuhhhhh")    
  •  pela tarde   | passeio com o Lack e voluntárias até Last Beach Resort (seu amigo Sing), no Sul                             da ilha. Desfrutar de uma baía e mar só para nós...
  • pela noite     | jantar thai, fogueira na praia, birthday panckake, mergulho com full moonlight!

  Sinto que tentei tornar este dia num dia normal, igual aos outros, como se faz pela Ásia, onde não se celebra o aniversário.  No entanto este dia tornou-se muito especial, doce e inesquecível pela energia de todas as pessoas. Passei-o da forma mais descontraída que poderia imaginar e a desfrutar de todos os momentos. OBRIGADA COSMOS :D  Ou será que já é a maturidade dos 29?? 
   Para acabar em beleza o Lack e o Sing presenteiam-nos com a proposta de ficarmos pelo Resort l(agora fechado na época baixa) a ajudar na limpeza e reparações durante o tempo que quiséssemos  em troca da estadia nos bungalows em cima da praia... (WHAT????!!!!)

                                             Não percam o próximo episódio!!! 
 
                                                                                                                        7 a 13 de Agosto de 2013


  Hoje conseguimos bater o nosso recorde da viagem mais longa desde que saímos de Portugal. Entre autocarros privados, caixa aberta de uma pick-up, autocarro público, minivan 1, carro privado, minivan 2, ferry, outro ferry, túk-túk, muito tempo de espera entre tudo isto e 24h depois… CHEGÁMOS A KOH LANTA!!! Fomos recebidos em Asalanta por um grupo de voluntários – um grupo de chineses, uma francesa e uma israelita – que nos introduziram ao sítio. A quinta consiste em 4 construções naturais em adobe - 3 delas com quartos e duche e outra que servia de espaço comum com cozinha e sala -, uma casa na árvore e casas de banho secas, um lago, um armazém de ferramentas, uma food forest e muito bambu. Vencidos pela viagem só queríamos comer e descansar, a comida foi noodles (fácil), o descansar é que foi mais complicado… Entre várias aranhas do tamanho da minha mão no quarto do João, um escorpião na cozinha, uma cobra na nossa casa de banho e baratas que eram atraídas pela Bárbara, digamos que foi difícil escolher o melhor sítio para dormir.
  A rotina da primeira semana consistiu em trabalhar 2h de manhã, onde o acordar era às 7h para preparar o pequeno-almoço em conjunto, o trabalho era das 8h30 às 10h30, preparava-se o almoço em conjunto ao 12h30, pela tarde passeávamos até á aldeia mais próxima – Klong Nin -  para dar uns mergulhos na praia (que saudades do mar) e comer umas bananas fritas e pelas 19h organizava-se o jantar entre todos seguindo-se uma maratona de galhofa e jogos. Nesta primeira semana:

 - plantámos arroz

 - andámos armados em eletricistas – Henrique e João

 - a Bárbara andou a cortar relva manualmente, enquanto o João amavelmente a ajudava com histórias e lamentos

 - reparações da wc seca (com mistura adobe) – Bárbara

 - Reparar ferramentas – Henrique, e vá…o João também pode dizer-se que ‘ajudou’. 

  A comunidade de Asalanta resumia-se à Anke (holandesa) e ao Aoi (Thai), o casal que construiu e gere o sítio, com personalidades muito diferentes, onde ela assume o papel de interagir com os voluntários e ele, não tão presente, o de delinear as tarefas diárias. As nossas companheiras na “labuta” ajudaram a entrar facilmente na rotina e de fácil empatia.

 O momento alto desta semana foi o aniversário do meu mano, que envolveu a dedicação e entusiasmo de todos no planeamento que culminou num apetitoso jantar português, sobremesa israelita e na primeira experiência do peculiar fruto durian (muito adorado na Tailândia). 
 
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                                                                                                                                                           1 a 6 de Agosto de 2013

 Eram 8h da manhã quando chegámos à estação de comboios de Bangkok, todos doridos mas com uma alegria enorme de estarmos a dar início a uma nova fase da nossa aventura. Esse dia ficou marcado por voltarmos a rever a Myu (uma das voluntárias da Gaia Asia School).No dia seguinte, já no aeroporto, depois de tanto esperar lá chegou o meu irmão João, mas sem mala. No caminho de volta passámos pela Chinatown, uma loucura de ruas num sem fim de lojas e néones, onde podemos saborear uma bela Wonton soup and tom yam sauce (e rirmo-nos da tentativa do João comer com pauzinhos). Depois de jantar acabámos a noite na companhia da Maria (a ladyboy mais bonita que vimos!) e da amiga ladyboy filipina, amigas que a Grace tinha conhecido na noite anterior. E assim se passou o resto da noite à volta da mesa a conversar, beber e a rir. Esta foi a melhor introdução da Ásia que podemos proporcionar ao João!

  Entretanto decidimos contactar um projecto – Asalanta - numa quinta no sul da Tailândia, na ilha de Koh Lanta, onde vamos ficar durante o mês de Agosto. Apesar de não concordarmos com o facto de termos de pagar a estadia e alimentação num sítio onde vamos trabalhar como voluntários, percebemos as razões apresentadas, assim como por se tratar de um sítio que aceitava um menor de idade, não esquecendo o bónus de estarmos junto ao mar! Existe uma nova forma de turismo pela Ásia, onde se lucra com a malta que quer fazer voluntariado e, estranhamente, a maioria dos projectos que o fazem são geridos por estrangeiros.

  Antes da partida para o sul houve a despedida da mama Grace, que ainda nos acompanhava desde Laos. Também ela seguia para uma viagem às Filipinas para rever a família. Mais uma despedida ao estilo asiático, mas desta vez era impossível não ficar triste, pois foi a pessoa que mais nos marcou durante estes meses.

   Nos entretantos, fomos tentar tratar do meu visto para a Tailândia. Depois de muitas voltas entre os vários departamentos dos serviços de imigração a única solução que nos apresentavam era voltar para Portugal, isto porque o passaporte temporário só tem validade de 6 meses e os países asiáticos só emitem vistos a pessoas com passaporte com uma validade superior. Já quase em desespero de causa tentámos fazer o visto na embaixada do Camboja (já tínhamos tentado no Laos e tinham-nos negado), e não é que desta vez conseguimos?! A pessoa que estava a emitir os vistos olhou para o passaporte, brincou com o facto de ser tão pequeno, recebeu o dinheiro e já está! 
  Com este visto de certeza que vamos conseguir ficar na Ásia até à data que tínhamos planeado, algo que já duvidávamos ser possível.
 
                                                                                                                                  31 de Julho de 2013

  Estes últimos dias passaram a voar, entre despedidas, deixar tudo arrumado/organizado na escola, tratar dos vistos para a Tailândia sempre acompanhados pelas minhas constantes febres. Após muita insistência da Bárbara decidimos ir ao Hospital e descobrimos que se tratava de…Dengue! O drama, o caos, o HORROR!! Nãaaaaa, nada disso, nada que uns quantos paracetamol, muita água com sais e descanso não cure.
  Mas agora era hora de partir, e olhando para trás… os sítios que visitámos, as aventuras e desventuras que vivemos, o que aprendemos na escola e com as pessoas que conhecemos tornam estes 4 meses de estadia em algo muito positivo para nós, apesar de o projecto que encontrámos não ser bem o que estávamos à espera.

   Momentos marcantes:

  - Conhecermo-nos melhor, um ao outro e crescermos com isso

  - A Didi Gaori, a Grace, o Tong, as 7 crianças das aulas da tarde

  - A introdução da meditação no nosso dia-a-dia

  - As food trips (que saudades do frango frito!!)

  - Tad Lo e andar de elefante

  - A sensação de que fizemos o que nos era possível dentro dos limites que existiam no Projecto.

  Agora, é enfrentar mais uma longa viagem até Bangkok e recuperar energias para a nova fase da nossa viagem e, a somar a isto, ainda vamos ter a companhia do meu irmão durante o mês de Agosto!